Era segunda-feira. Uma manhã fria, mas aconchegante. Eu
sentia que algo bom iria acontecer. Andei até a escola, passos curtos, e acabei
atrasando-me. Na fila, um novo aluno. Quem poderia ser ele? Era diferente,
parecia ter um problema na coluna; ele estava com as costas levemente curvadas
para frente. Tinha cabelos negros, batendo nos ombros, franja comprida. Ele
estava despenteado. Era brando, pálido, e possuía profundos olhos negros, com
grandes olheiras. Vestia uma camisa branca larga e uma calça jeans igualmente
larga. Entrei para a afila, ao lado daquele garoto. Tremi. Algo estava me
dizendo que ele era bonito. Não achei conveniente, mas ele também não era feio.
Na sala, o professor pediu para que ele se apresentasse. Seu
nome era Ryuzaki. Já esperava um nome japonês por causa dos olhos puxados, por
isso não achei estranho. Ryuzaki tinha 14 anos, e parecia ser inteligente.
Ryuzaki tinha uma bela voz, e certo ar misterioso. Sentou-se ao meu lado, corei.
Percebi que ele sentava-se de maneira diferente do que o resto da turma.
Ryuzaki colocou os dois pés em cima da cadeira, colando os joelhos ao peito, e
não tirava o dedo indicador direito da boca, e a outra mão repousava no joelho.
Ryuzaki era mesmo diferente, mas falava tão docilmente que
me atraia, e percebi que ele era muito inteligente quando tudo certo. Então ele
finalmente falou comigo. Na verdade, foi uma pergunta. Perguntou-me se eu
queria ajuda. Realmente eu não havia entendido, então aceitei ajuda. Seu rosto
tão perto me dava arrepios. A sensação era indescritível. Tê-lo tão perto, mas
tão longe ao mesmo tempo era doloroso. Mas eu podia vê-lo todos os dias e, para
mim, só isso bastava.
Melhor redação do ano de 2012 da Escola Gustavo Nordlund, produzido pela aluna Júlia da turma 81. Parabéns pela bela construção literária, digna de prêmio.